Pós-doutorado pesquisa interfaces entre comunicação e cultura slow

Pós-doutorado pesquisa interfaces entre comunicação e cultura slow

16 de agosto de 2018 Off Por michelleprazeres

Meu projeto de pós-doc foi acolhido pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP. Vou pesquisar as interfaces entre a cultura slow e a comunicação.

Compartilho abaixo o resumo da pesquisa e suas palavras-chave.

Esta pesquisa busca construir uma reflexão sobre o jornalismo lento. Sabe-se que este não se trata de um novo formato jornalístico; de uma nova linguagem; ou de um mecanismo estratégico de produção e engajamento; mas de processos que envolvem necessariamente (1) o contexto célere da comunicação na cibercultura; e (2) a modalidade prática de jornalismo alicerçada no contraponto a este contexto. Ao propor a desaceleração da produção, da oferta (circulação e distribuição) e da recepção do produto jornalístico, o jornalismo lento se inscreve no campo da crítica da comunicação e da velocidade; e, do ponto de vista prático, se situa na zona de interface entre comunicação, compreensão e afeto. Ainda que as práticas de comunicação lenta sejam relativamente demarcadas pelo movimento “slow media”, o jornalismo lento como objeto de reflexão teórica que emerge desta experiência demanda imersão e aprofundamento, que permitam ao mesmo tempo desvelar seus alicerces e contribuir para a sua edificação. O trabalho se constrói a partir de pelo menos três perspectivas: (1) a desnaturalização da velocidade como elemento central do jornalismo em ambientes digitais; (2) a crítica ao uso compulsório das tecnologias (e seu uso apropriado com propósito jornalístico); (3) a análise das potências das mídias digitais para a construção de um processo de produção, distribuição e recepção jornalísticas com produtos engajadores a partir da criação de vínculos afetivos e reflexivos. Acredita-se que – ao conseguir elencar exemplos específicos e ilustrativos do que se chama de jornalismo lento -, este estudo poderá mostrar que este se trata de um conjunto de relações que contribuem para a crítica à prática sistêmica do jornalismo em seu estado atual: majoritariamente ultra rápido e ultra curto. Para testar esta hipótese, pretende-se olhar para a produção simbólica de veículos e reportagens específicos para identificar os modos de inserção do jornalismo lento na sociedade. Tal método visa caracterizá-lo no seu feixe de relações como fenômeno complexo e compreender como ele se manifesta e se realiza. A pesquisa trata menos de delimitar um conceito e mais de demarcar um campo de elementos e aspectos que compõem uma mirada para a experiência. Trata-se, portanto, de uma atitude cognitiva para desenvolver olhares e percepções para iniciativas que estão sendo testadas como práticas de comunicação, diálogo, vínculo e engajamento e que promovem interfaces com o pressuposto da desaceleração. O nome ‘jornalismo lento’ não traduz a intenção de cunhar um conceito, mas demarca, formata e configura uma série de práticas e procedimentos agrupados sob esta noção. O estudo buscar tecer costuras e diálogos entre o manifesto “slow media” e se apoia em um quadro teórico que pressupõe a articulação estratégica das noções de (1) cibercultura como cultura de época em André Lemos e Eugênio Trivinho; (2) cultura da participação no cenário de convergência, em Henry Jenkins; (3) crítica da velocidade em Paul Virilio; e (4) ecologia da comunicação em Vicente Romano.

 

Palavras-chave: Jornalismo lento. Velocidade. Tecnologias. Cultura slow. Cibercultura.