Miniresenha: Tecnodiversidade

Miniresenha: Tecnodiversidade

8 de março de 2021 Off Por michelleprazeres

Acabei de ler “Tecnodiversidade” (do filósofo da tecnologia Yuk HUI; traduzido por Humberto Amaral. São Paulo: Ubu Editora, 2020). Estou fascinada pela ideia de revisão que o autor propõe. Para ele “precisamos rearticular a questão da tecnologia, de modo a vislumbrar a existência de uma bifurcação de futuros tecnológicos sob a concepção de cosmotécnicas diferentes”. Ele defende esta ideia partindo da premissa de que “a globalização tecnológica como forma de neocolonização impõe sua racionalidade via instrumentalidade, como o que observamos nas políticas transumanistas neorreacionárias”. Ou seja: precisamos rearticular a forma como compreendemos a tecnologia, porque “não há uma tecnologia única, mas uma multiplicidade de cosmotécnicas”. E aqui o ponto que mais me “fisgou”: ele aponta para uma crise da modernidade e afirma que “o desconhecimento da tecnologia e a aceleração cega conduzirão apenas ao agravamento dos sintomas enquanto fingem tratá-los”. Para ele, a velocidade é o motor de sincronização do eixo de tempo da globalização. E questiona: “que aceleração é mais rápida do que a de um desvio radical, a de um afastamento do eixo de tempo global, a que liberta nossa imaginação das amarras do futuro tecnológico vislumbrado pelas fantasias transumanistas?”.Se “a comunicação é a condição de realização do todo organicista”, precisamos de uma “virada ontológica”, ancorada – entre outras coisas – em um outro tempo. “Recolocar a questão da tecnologia é recusar esse futuro tecnológico homogêneo que nos é apresentado como única opção”. Ele sugere que – para escapar da sincronização trazida pelo eixo de tempo global da modernidade ocidental – precisamos desacelerar.