Neoliberalismo, tédio e temporalidade: a experiência de ser-na-modernidade
Ontem (05/10/22), conversei com alunos/as/es da Psicologia da PUC sobre “Neoliberalismo, tédio e temporalidade: a experiência de ser-na-modernidade”. Foi um diálogo bonito orientado pelo poema “A flor e a náusea”, de Carlos Drummond de Andrade (deixo um trecho a seguir).
Falamos sobre como o neoliberalismo acelera a experiência, convertendo-a em uma sequência inconclusiva de vivências e como isso afeta nossa percepção sobre o movimentar(-se). Somos frenéticos paralisados, como provoca Hartmut Rosa, em uma sequência de acontecimentos sobrepostos e esvaziados de sentido e porosidade.
Ou seja: temos a ilusão de movimento, mas vivemos um empuxo à repetição em alta velocidade. A experiência está em erosão, assim como a comunicação, entendida como ambiência de convivência e construção do comum. Para sair desta espiral, precisamos parar, desacelerar, humanizar.
Segue trecho do poema citado:
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.