Somos crononormativos

Somos crononormativos

21 de junho de 2024 Off Por michelleprazeres

A quem interessa que entendamos nosso tempo como um recurso a ser utilizado e que está a serviço de algo?

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A nossa concepção de tempo é tão colonizada, que quando ouvimos qualquer coisa que articule as ideias de passado – presente – futuro, imediatamente pensamos nestas instâncias temporais de forma cronologicamente organizada em antes, durante e depois.

Visualmente, a relação entre passado, presente e futuro é uma seta, apontando sempre para a frente.

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Ailton Krenak diz que esta ideia é a raiz de muitos dos nossos problemas relacionados a concepções de progresso, avanço, inovação, desenvolvimento e crescimento. Esta ideia de que o tempo é um recurso a ser usado e deve ser útil e estar a serviço do avanço.

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Você já se perguntou se o tempo é isso? Se o tempo é mesmo linear?

Se buscarmos referências em populações tradicionais, indígenas, africanas para cultivarmos outras concepções de tempo, encontraremos leituras do tempo que o entendem e o experimentam como cíclico ou circular.

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No tempo cíclico e circular, no tempo tecido da vida, no tempo não enxergado como recurso a serviço da produtividade, passado, presente e futuro podem estar juntos. São camadas de um mesmo momento: o momento da experiência que é o instante durante. Eles podem se manifestar sob a forma de bagagem, presença e movimento em um mesmo tempo. 

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Krenak afirma que o futuro é ancestral.

Nêgo Bispo nos ensina que não existe começo, meio e fim, mas sim começo, meio e começo.

O que isso nos diz sobre nossa concepção de tempo?

Nosso tempo colonizado nos faz ser crononormativos.