
Sobre o carnaval como desaceleração e regeneração dos nossos corpos
Carnaval pra mim não é apenas uma festa.
É um chamado ancestral, um retorno às minhas origens e à minha terra, um convite a ser para meu corpo brincante, uma ativa atividade de regeneração se entendermos a festa como ritual, como comunidade, como liberação dos corpos das estratégias de dominação e domesticação.
Então, seja para quem escolhe descansar ou para quem escolhe estar na rua e festejar, carnaval é desaceleração.
Entendê-lo assim é entender que desacelerar é sair do automático, ininterrupto, anestésico do tempo do trabalho, do consumo e das tecnologias e lembrar nossos corpos de que são corpos-gentes que devem parar, descansar e festejar(-se) e não corpos-máquinas apenas destinados a produzir, performar e desempenhar.
Seja descansando nos próximos dias ou ocupando a rua com amor e ousadia, vamos carnavalizar.
A exaustão dos nossos corpos não é uma consequência do mundo acelerado. Ela é o projeto desse mundo. Carnavalizar é resistir.
Compartilho aqui algumas leituras que me apoiam na construção das relações entre corpo, aceleração, regeneração e vínculos afetivos.
Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico, de Joaze Bernardino-Costa, Nelson Maldonado-Torres, Ramón Grosfoguel
Descolonizando afetos: Experimentações sobre outras formas de amar, de Geni Núñez
Tudo Sobre o Amor, de bel hooks
Que Sentido Tem A Revolucao Se Nao Podemos Dancar? de Jane Barry com Jelena Djordevié
O corpo encantado das ruas, de Luiz Antonio Simas
Vence-demanda: Educação e Descolonização, de Luiz Rufino
A terra dá, a terra quer, de Antônio Bispo dos Santos e Santídio Pereira
Um feminismo decolonial, de Françoise Vergès
Futuro Ancestral, de Ailton Krenak
Existências Penduradas – Selfies, Retratos e Outros Penduricalhos, de Norval Baitello Junior