Por que a gente começou a acelerar conteúdos e – sem perceber – estamos querendo acelerar as pessoas?
Por que a gente começou a acelerar conteúdos e – sem perceber – estamos querendo acelerar as pessoas?
Pesquisa Datafolha mostrou que 43% das pessoas no Brasil consideram que vivem em velocidade 2x.
9 entre 10 pessoas dizem não se sentir calmas
25% das pessoas dizem que consomem conteúdos acelerados.
A pesquisa é importante, porque mostra que:
1) Não estamos sozinhos/as/es;
2) A velocidade não é uma escolha das pessoas, mas uma dinâmica social;
3) A saída não é apenas individual.
O estudo dá concretude à ideia de que a aceleração social do tempo é uma dinâmica e que estamos todos/as/es imersos/as em uma cultura da velocidade.
Estamos, de fato, vivendo mais rápido do que há alguns anos atrás, fazendo mais coisas nas mesmas unidades de tempo.
Ou seja: coisas que antes levaram 10 anos para acontecer, estão acontecendo em menos tempo. Transformações sociais que levarvam décadas para acontecer estão acontecendo em menos tempo. Com a aceleração e o multitarefa, estamos comprimindo o tempo.
Isso quer dizer que, quando aceleramos áudios, vídeos ou qualquer tipo de conteúdo, estamos fazendo supostamente uma escolha. No entanto, quando esta escolha se torna um hábito e na sequência, uma regra, já estamos sendo “comandados” por esta cultura, que normaliza e normatiza a pressa como única saída, como “modo automático”.
A vida no modo automático é a consolidação da velocidade como violência.
Mas como é possível resolver?
Algumas atitudes individuais podem ajudar. Mas a “solução” para a velocidade como norma passa por transformações culturais e é uma saída coletiva. Só acontecerá com mudanças políticas e o entendimento da velocidade como questão de saúde pública.
A prescrição de saídas individuais pode ser mais um fator de estresse em um país tão desigual como o nosso e que – por consequência – faz com que a experiência temporal de cada pessoa dependa de condições sociais. A ideia de pausar, fazer exercício, respirar, tirar as notificações do celular pode soar uma violência para pessoas que simplesmente não podem fazer isso.
Então, a principal “dica” é: você não está só.
Faça o que está a seu alcance.
Busque ajuda.
Converse com as pessoas do seu entorno sobre o tempo e sobre como é possível proceder em situações que se apresentem insustentáveis.
Queremos acreditar que aos poucos vamos mudando esta realidade e desacelerando como humanidade.