De que ‘habilidades multimídia’ precisa um(a) jornalista?

31 de julho de 2014 13 Por michelleprazeres

coreskills
Eu queria escrever mais sobre isso – e talvez consiga em outro momento – mas achei importante, mesmo sem conseguir me aprofundar, compartilhar este estudo. Com alunos/as e colegas jornalistas e professores, sempre discuto bastante os “fetiches” relacionados às supostas “habilidades multimídia” que um jornalista deve ter.

Este estudo mostra que, além de professores e profissionais do mercado – nos EUA – discordarem em relação ao que seriam tais habilidades; as habilidades “desejáveis” estão menos relacionadas aos dispositivos e á relação com eles, seu manuseio e à – por assim dizer – “técnica”; e mais relacionadas a vivências de vida, experiências e conhecimentos tácitos.

O texto publicado no Observatório da Imprensa está aqui e segue abaixo.

A pesquisa está aqui.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Poynter sobre as habilidades essenciais para o futuro do jornalismo mostrou que, nos EUA, jornalistas e professores universitários não andam no mesmo passo quando se trata da importância de se ter habilidades multimídia e digitais para a produção de reportagens.

De acordo com o estudo, os educadores dão muito mais importância para as habilidades digitais e multimídia do que os profissionais que atuam nas redações. Os pesquisadores pediram que professores, profissionais e alunos fizessem um ranking com a importância de 37 habilidades jornalísticas.

Um exemplo da diferença de opiniões entre professores e jornalistas profissionais foi a importância dada à habilidade de editar imagens e áudio. Cinquenta e três por cento dos profissionais disseram que a habilidade de fotografar e editar fotografias era importante ou muito importante, em comparação a 79% dos professores. Já sobre a habilidade de gravar e editar áudio, cerca de 70% dos educadores disseram ser uma habilidade importante, bem diferente da opinião dos profissionais, onde apenas 38% disseram ser importante.

Para Karen Magnuson, editora e vice-presidente no grupo de mídia Democrat and Chronicle, as escolas de jornalismo americanas não estão fazendo um bom trabalho em preparar os futuros repórteres para o mercado. “A minha experiência pessoal com recém-formados em jornalismo é que eles tendem a cair em uma de duas categorias: redatores sólidos e repórteres com habilidades limitadas para trabalhar com tecnologias multimídias ou jornalistas que são muito bons em trabalhar com vídeo, mas não entendem como apurar profundamente uma pauta além do que é divulgado nos comunicados de imprensa ou nas coletivas. Ambos os tipos são problemáticos nas redações atuais”.

Howard Finberg, coautor do estudo, acha que um dos problemas é que os profissionais estão tão focados no dia-a-dia que não conseguem ver além do horizonte.